Alex Marquez e o Grande Prémio de MotoGp de Portugal

O piloto de MotoGP e embaixador de Estrella Galicia 0,0 partilha impressões antes de abordar o
Grande Prémio de Portugal no Circuito Internacional do Algarve.

A época europeia do Campeonato do Mundo de MotoGP deu o sinal de partida com o Grande Prémio de Portugal. Nas corridas disputadas até agora, Alex Márquez conseguiu pontuação em duas das quatro provas, ocupando neste momento o 20.º lugar provisório com 4 pontos. Antes do início dos primeiros treinos no icónico Circuito Internacional do Algarve, Alex partilhou connosco as sensações experimentadas nestas semanas ao guiador de uma mota que foi profundamente renovada para esta nova época.

Alex, conseguiste obter pontuação nas corridas da Indonésia e Argentina, mas ficaste de fora por queda nas do Qatar e dos Estados Unidos. Como descreves este início de época?

«O início da época foi complicado porque esperávamos ter melhores sensações. Fomos afetados por problemas no eixo da roda da frente que já começámos a sentir logo no início da época, sobretudo no Qatar. Não chegámos a perceber bem. É menos crítico que na mota antiga, mas menos compreensível. Então há que encontrar um ponto intermédio e ter alguma sensibilidade. Se não tens boas sensações com o eixo da roda da frente, irá custar-te muito. Eu pessoalmente tenho que melhorar para que estes problemas me afetem menos, mas estamos a trabalhar nesse sentido. O ano é muito longo, faltam muitas provas e temos que inverter a situação de alguma forma. O problema está detetado e sabemos onde nos devemos focar, tanto nós como a Honda, para podermos dar esse passo à frente. Quando tivermos melhorado esse aspeto, a mota terá muito potencial em grip e em muitos outros aspetos».

Independentemente do resultado, em que prova até agora te sentiste melhor e em qual te sentiste mais longe donde gostarias de estar?

«Na corrida do Qatar não estivemos mal porque vinha avançando posições e tínhamos tido um bom início de provas. A corrida da Argentina foi com certeza a mais dececionante para mim porque não soubemos dar a volta a uma situação que não era boa e custou-nos saber o que se passava realmente. Eu acho que onde me senti melhor foi nas cinco primeiras voltas de Austin até ter caído devido e ter cometido um erro, mas estávamos a ir a um ritmo de liderança. Nem tudo é negativo porque temos o problema detetado, fizemos um bom início de corrida e primeiras voltas. Há ritmo e é aí onde mais temos que nos focar. Temos que superar esse ponto fraco para que o passo à frente seja grande».

Muito se falou da nova versão da Honda RC213V, que perceção tens desta nova versão? Em que pontos achas que é mais competitiva e em quais existe maior margem para melhorar?

«A maior melhoria foi conseguida no grip traseiro. Agora temos muito mais tração, esse problema está ultrapassado. No entanto, ter tanta tração atrás faz com que surjam outros problemas. Com eixo da roda da frente deu-se um passo distinto em relação à mota anterior. É aqui que não há feeling e onde a mota não vira. Temos que perder o menos possível neste ponto e poder aproveitar mais ainda esse bom grip traseiro que temos».

O Mundial chega finalmente à Europa, embora passe por Portugal antes de chegar ao tradicional encontro no Xerez. Que expectativas tens em Portimão? Achas que terá um efeito positivo em ti o aumento de intensidade, ao celebrarem-se as duas corridas em semanas consecutivas?

«Sim, chegámos à Europa. Desde que comecei a participar no Mundial sempre se iniciavam as provas no Xerez. Este ano será em Portugal, mas também estou contente porque está mesmo ao lado de casa e trata-se dum circuito que gosto muito e onde em MotoGP consegui excelentes resultados. Tem um ambiente que me agrada e motiva-me ter estas duas provas seguidas: Portimão e Xerez. Descansas menos, mas também te divertes mais. Acho que estas duas provas serão muito importantes para iniciar o que chamam o “ciclo europeu” para redirecionar o nosso rumo, que é o que mais desejo».

Esta época está a ser mais complexa do que o esperado? Esta parte de melhoria também é possível na tua pilotagem?

«De certeza que a minha forma de pilotar pode melhorar. Quando tens problemas, melhorar a tua pilotagem faz com que os sintas menos e retires mais partido de situações adversas e é precisamente aí onde quero melhorar de futuro. Estamos a dar o melhor de nós. Acho que brevemente estaremos melhor, que começaremos a dar passos maiores e a desfrutar em cima da mota, que é o que mais sinto falta. Quero ir rápido e levar a mota onde eu quero. Em relação à pilotagem, acho que estou a pilotar melhor do que o ano passado, mas com certeza faltam muitas coisas por melhorar».

Com Marc, o teu irmão, partilhas o objetivo de aproveitar ao máximo as características da nova Honda. Colaboram como irmãos e como pilotos da mesma marca? Como enfrentam esta questão?

«Falamos de muitos fatores, comentamos coisas. Quando estamos no circuito, muito pouco porque cada um está focado no seu trabalho, mas em casa, se temos alguma dúvida, comentamos. É curioso porque, desde que entrei na MotoGP, há muitas coisas que experimentamos nos testes em separado, mas depois vem Alberto [Puig] e diz: “o teu irmão disse exatamente o mesmo” sobre tal peça. Os comentários são quase sempre muito parecidos e, embora os nossos estilos sejam mais ou menos diferentes, o como nos posicionamos em cima da mota é bastante parecido. É nesse ponto onde tentamos ajudarmo-nos mutuamente para nos sentirmos mais competitivos e mais satisfeitos em cima da mota. Marc não teve um início fácil, sobretudo pela queda em Mandalika e de forma geral todo aquele fim de semana. Pelo menos pôde recuperar da lesão e estar em Austin. Ali voltou a encontrar-se com a sensibilidade de condução, voltou a pilotar daquela forma que gosta tanto, atacando muito com o eixo da roda da frente e isso é uma boa notícia para nós porque já se estão a testar algumas coisas. Espero que possamos continuar este caminho e reencontrarmo-nos com a sensibilidade no que diz respeito ao eixo da frente, que é neste momento o que mais falta nos faz».

O que dirias aos teus fiéis seguidores? Gostarias que te vissem esta época a lutar pelo pódio novamente?

«Tomara! Acho que não começámos como deveríamos, mas em MotoGP está tudo muito renhido, com pequenas coisas podes dar um grande passo à frente e o meu objetivo continua a ser estar no fim do ano no top 8. Acho que é possível porque um ano é muito tempo e há muitos fatores que podem influenciar. Eu vou continuar a insistir, a melhorar e, como disse antes, divertir-me em cima da mota. É aí que tudo começará a sair como esperávamos e que toda a equipa começará a desfrutar também».